Educação, empatia, solidariedade, determinação e muito carinho dizem muito sobre o Cursinho Para Todos, projeto social que prepara dezenas de alunos da rede pública de Várzea paulista para vestibulares.
E em 2020, mesmo com a pandemia do coronavírus, a dedicação de todos voluntários fizeram a diferença na vida de alguns alunos que, apesar de toda dificuldade, conseguiram tirar nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Entre os estudantes está Luiza Vitória da Silva Dantas, de 17 anos. Ela marcou 920 pontos e irá ingressar na Universidade Federal de Sergipe (UFS) no curso de Zootecnia.
“Antes dele [o Cursinho Para Todos], estava me sentindo muito desmotivada, sem algo que me fizesse sentar, estudar e ter responsabilidade. O jeito que eles são organizados e que não deixam faltar absolutamente nada, me fez sentir que mesmo com todo esse problema [pandemia] que estamos vivendo, não era para desistir de jeito nenhum”, afirma a jovem.
Luiza também destaca que o ensino à distância não foi um empecilho e, sim uma oportunidade. “Consegui entender e aprender tudo. Os professores são excelentes”. Ela aproveita também para destacar que apesar de ser um caminho cansativo, “a sensação de dever cumprido é surreal”.
O Cursinho Para Todos também fez parte da trajetória de Gustavo Morais de Lima, de 20 anos. Ele alcançou 820 na redação do Enem e revela: “Eu, sinceramente, esperava uma nota alta na redação, mas tirar mais de 800 foi algo surreal”.
Ele que entrou para a turma de História na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) deixa um recado fundamental para todos jovens que sonham em conseguir ingressar no ensino superior:
“A gente enquanto moradores de periferia estamos sempre na margem e ocupar espaços, como uma universidade, é de suma importância para desestruturar um sistema que não nos quer no chão a todo momento”.
Gustavo também citou Patrícia Hill Colins: “Ao sairmos todos da margem [das periferias] e frequentarmos os centros, somos capazes de compreender coisas de uma nova perspectiva, onde se não tivéssemos atravessado a margem, não seria possível ver, pois ser da margem e estar no centro, nos dá uma nova visão”.
E não para por aí…
Assim como o Gustavo e a Luiza, outros jovens atingiram uma boa nota e deixaram o seu relato de como a educação fez a diferença em suas vidas como é o caso de Mariana Luchetti, de 17 anos, que estudou na Escola Estadual Tibúrcio Estevam de Siqueira, em Várzea Paulista.
Ela conseguiu bolsa 100% no Programa Universidade Para Todos (PROUNI) e será enfermeira. “Agradeço a todos os profissionais do Cursinho [Para Todos]. Eu não sei o que realmente faria sem eles, a paciência no ensino e a troca de conhecimento são indispensáveis”, afirma.
Marcos Paulo de Sousa Martins, de 18 anos, que concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Dr. Antenor Soares Gandra, tirou 860 na redação do Enem diz que ficou desacreditado quando soube da sua nota. “Senti uma felicidade imensa quando vi minha pontuação na redação”.
Ele conta que o apoio familiar foi fundamental para o seu desenvolvimento. “Minha família esteve me apoiando desde o momento em que disse que minha nota não seria legal. Quando falei da minha nota, eles me parabenizaram. Senti a felicidade e orgulho deles, ali tive a confirmação de que estou buscando o melhor para o meu futuro”.
César Ayres Ortega, de 18 anos, que está matriculado no curso de Engenharia de Produção na UniAnchieta, alcançou 960 na redação. “Fiquei super contente ao perceber que a minha meta de redação (920+) tinha sido alcançada”, comemora.