Em funcionamento desde 2006, a Casa Sol é um dos serviços mais importantes da rede municipal de proteção às mulheres vítimas de violência em Jundiaí. Vinculado à Unidade de Gestão de Assistência e Desenvolvimento Social (UGADS), o equipamento oferece acolhimento sigiloso e seguro para mulheres sob ameaça de morte por parte de seus agressores, garantindo proteção, apoio psicológico e acompanhamento social para que possam reconstruir suas vidas.
O serviço está presente em apenas 144 dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros e, quando foi inaugurada, a Casa Sol foi a 11ª unidade desse tipo no país. Desde então, tornou-se referência pelo atendimento humanizado e pelo trabalho articulado em rede.
Somente no ano passado, foram realizados 55 acolhimentos, entre mulheres e seus dependentes. Em 2025, até o momento, já foram 20 acolhimentos. O serviço pode receber até 14 pessoas simultaneamente, incluindo filhos, mães ou irmãos das mulheres abrigadas. O período de permanência é de até 90 dias, podendo ser prorrogado de acordo com avaliação técnica.
A gestora da UGADS, Luciane Mosca, destaca a importância da estrutura para a cidade. “A Casa Sol representa não apenas um local seguro, mas uma oportunidade real de recomeço para mulheres que vivenciam situações extremas de violência. É um espaço sigiloso, protegido 24 horas por agentes da Guarda Municipal, com uma equipe multiprofissional que oferece atendimento individualizado e articula todo o suporte necessário com a rede de serviços”, afirma.
Como funciona o acolhimento
A entrada na Casa Sol pode ocorrer por encaminhamento da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), plantão policial, rede socioassistencial da UGADS ou órgãos do sistema de garantia de direitos, como Ministério Público, Defensoria e Poder Judiciário. Em muitos casos, a vítima já chega com boletim de ocorrência e solicitação de medida protetiva.
Durante a estadia, as mulheres e seus filhos mantêm uma rotina que inclui o preparo de refeições e cuidados pessoais. A equipe garante o contato com escolas para transferência ou fornecimento de materiais pedagógicos, e orienta sobre os direitos trabalhistas que asseguram a manutenção do emprego em caso de afastamento por violência doméstica.
A coordenadora da Casa Sol, Silene Aparecida dos Santos, explica que cada caso é conduzido de forma personalizada, respeitando a autonomia da mulher. “O nosso trabalho começa com um plano de ação construído em conjunto. Não somos nós que decidimos o destino da mulher; ela participa de cada escolha. Vamos compreender sua história, suas possibilidades e desejos. Isso é parte do enfrentamento da violência: resgatar o direito de decidir sobre a própria vida”, explica.
Silene também lembra que o momento inicial do acolhimento é delicado. “Muitas chegam abaladas, desconfiadas ou até revoltadas com a situação, e podem reagir de forma agressiva. Mas entendemos que isso faz parte do sofrimento que estão vivendo: elas estão deixando sua rotina, seu trabalho, sua casa, porque alguém – muitas vezes a pessoa que amaram e confiaram – ameaça a sua vida. Nosso papel é acolher sem julgamento, respeitando o tempo de cada uma para se fortalecer”, completa.
E quando chega a hora de sair?
O desacolhimento também é uma decisão compartilhada. São avaliados fatores como a medida protetiva, a segurança do novo endereço e a presença de uma rede de apoio. Muitas mulheres optam por mudar de município ou estado, e nesses casos a equipe aciona o serviço social da cidade de destino para garantir uma transição segura, inclusive com passagens fornecidas pelo município.
Após a saída, a equipe técnica da Casa Sol continua o acompanhamento pelo período de 6 meses até 1 ano, garantindo que a mulher permaneça protegida e assistida.
Onde buscar ajuda
Mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar podem procurar a DDM de Jundiaí (Av. Nove de Julho, 3600 – telefone 4521-2024, em horário comercial). Fora desse horário, é possível recorrer ao Plantão Policial ou a qualquer serviço da rede municipal. Denúncias também podem ser feitas pelo 153 da Guarda Municipal ou 190 da Polícia Militar.
A Casa Sol segue firme em sua missão: oferecer proteção, sigilo e, principalmente, a chance de um novo começo.