O empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador do presidente Jair Bolsonaro, compartilhou vídeo nesta segunda-feira em que aparece com um dos braços algemados.
Na peça, ele afirma que comprou o artefato para que não seja gasto dinheiro durante seu depoimento na CPI da Covid, que deve ocorrer na próxima quarta-feira.
“Estou indo na CPI com o coração aberto. Gentileza gera gentileza, respeito gera respeito. Eu quero que eles façam as perguntas e eu tenha todo o tempo do mundo para responder. Eu tenho tanto tempo, toda a quarta-feira vai estar disponível. Eu trabalho 24 horas por dia, então vou ter todo o tempo do mundo”, afirma o empresário no vídeo.
“E, se por acaso eles não aceitarem aquilo que vou falar, já comprei… Para não gastar dinheiro com algema, já comprei uma algema, vou entregar uma chave para cada senador. E que me prendam”, finaliza, levantando os braços.
Hang é um dos principais defensores do chamado tratamento precoce. Seu depoimento deve auxiliar a CPI a aprofundar as investigações sobre o possível elo entre o governo federal e entes privados para promover o tratamento sem eficácia contra a covid-19.
Um dossiê entregue à CPI por 15 médicos que trabalharam na rede Prevent Senior aponta que pacientes e parentes não eram consultados sobre a administração de medicamentos do chamado “kit Covid”. O documento também menciona suposta mudança nos prontuários do médico Anthony Wong e Regina Hang, mãe de Luciano Hang.
De acordo com o dossiê, o prontuário médico da mãe de Hang cita a consequência de uma pneumonia bacteriana, e não a covid-19, motivo pelo qual foi internada, como causa da sua morte.
Além disso, o prontuário, obtido pela reportagem da “Folha de S. Paulo”, também relata que a paciente recebeu o chamado “tratamento precoce” com medicamentos ineficazes contra a doença, como azitromicina, hidroxicloroquina, prednisona e colchicina, antes de morrer.
Houve ainda tratamento de ozonioterapia retal, prescrito por médicos particulares e não vinculados à operadora, segundo relatou a própria Prevent Senior em um processo movido contra médicos que denunciaram à empresa ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou na semana passada que a comissão tem provas de que o empresário Luciano Hang pediu para que os médicos que trataram sua mãe não divulgassem que ela teria sido medicada com o chamado “kit Covid”.
Texto e Fonte Valor