A reportagem consultou alguns moradores, que receberam a proposta dos vereadores com indignação. “Por disputa política eles querer fazer algo totalmente sem sentido e comprometer a segurança das nossas famílias”, relatam.
O corte da gratificação
Uma das emendas mais polêmicas suprime os parágrafos que garantem gratificação de função aos guardas integrantes da equipe. Sem esse adicional de 20% sobre o salário base da 3ª classe da Guarda Civil Municipal, a medida desestimula a adesão ao grupamento. Afinal, trata-se de uma atividade de altíssimo risco, exigindo dedicação exclusiva e treinamento especializado. Se aprovada, a emenda corta, também, gratificação de 10% a integrantes da equipe de viaturas e 15% aos integrantes de equipes de motocicletas.
“Se não houver reconhecimento financeiro, muitos guardas não terão interesse em participar, o que esvazia o projeto”, avaliam especialistas em segurança pública.
A burocratização que trava
Outra emenda apresentada pelos parlamentares determina a realização de processo seletivo interno para ingresso no grupamento. A medida, na prática, cria uma burocracia desnecessária para algo que já funciona de forma operacional e ágil. Na avaliação de integrantes da Guarda, a alteração comprometeria a velocidade de resposta da corporação, atrasando a consolidação da ROMU.
Números que provam a eficiência:
Enquanto isso, os resultados já falam por si. Nos últimos 12 meses, a atuação da ROMU em Itupeva registrou:
- Mais de 200 apreensões de drogas
- 47 flagrantes efetuados
- Desmantelamento de uma quadrilha de roubo de motocicletas, com direito a troca de tiros e a neutralização de um dos criminosos.
Esses números robustos mostram que o modelo da ROMU funciona. O risco agora é ver um trabalho reconhecido pela população ser interrompido por disputas políticas.
Atrapalhando a segurança?
A população de Itupeva teme que, com as mudanças, o projeto da ROMU se torne inviável. Sem gratificação, os guardas perdem o estímulo; com processo seletivo burocrático, o grupamento trava. Resultado: a criminalidade pode voltar a crescer, e quem paga a conta é o cidadão comum.
Como é o projeto original?
A Prefeitura protocolou na Câmara Municipal o Projeto de Lei Complementar nº 657, que cria a Ronda Ostensiva Municipal (ROMU), um grupamento especializado vinculado à estrutura da Guarda Civil Municipal (GCM). O objetivo é reforçar a segurança pública na cidade por meio de patrulhamento preventivo e operações especiais voltadas ao combate à criminalidade.
Atualmente, a GCM já conta com equipe ROMU, mas a legislação visa garantir as diretrizes para o seu funcionamento e valorizar a atuação dos agentes.