O titular da delegacia de Valinhos, interior de São Paulo, Luís Henrique Apocalypse Jóia, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 7, que o homem que proferiuxingamentos racistas ao entregador Matheus Pires alegou que sofre de esquizofrenia, conforme laudo médico que teria sido apresentado pelo pai. O caso ocorreu no dia 31 de julho, mas o vídeo começou a circular hoje nas redes sociais. Na ocasião, Matheus registrou um boletim de ocorrência, e o homem deve ser julgado por injúria racial. Segundo Jóia, para que o processo seja iniciado, o motoboy precisa fazer uma representação criminal em até seis meses.
“Caso haja a representação, instauraremos o inquérito para a apuração dos fatos. O autor vai responder pelo crime, que tem pena de um a 3 anos e, sendo condenado, será submetido às penas por esse crime. À princípio ele responderá em liberdade”, explicou o delegado. O crime de injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça, e é inafiançável e imprescritível.
De acordo com Jóia, se for constatado que o homem tem esquizofrenia e que “não tem condições de saber o que está fazendo” há medidas de segurança. “É um caso muito grave, em 2020 termos esse tipo de conduta. Não sei a condição psicológica dessa pessoa, mas se é feito em sã consciência, é absurdo”, disse o delegado.
No vídeo, os dois discutem e o homem chega a perguntar quanto Matheus ganha por mês, alegando que ele “tira” entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. “O senhor acha que tem moral só porque mora dentro de um condomínio? Eu tenho uma vida fora daqui”, rebate o entregador. Grosseiramente, o homem responde que ele “teria inveja ‘disso aqui e dessas famílias aqui’. Depois, ele aponta para a própria pele e diz: “Você tem inveja disso daqui. Você nunca vai ter nada disso”. Matheus, então, responde: “O senhor tem tudo isso daqui porque? Porque seu pai te deu? Ou porque você trabalhou?”.
Em nota, o iFood disse que “está indignado pela agressão racista sofrida pelo entregador” e que já baniu o autor das ofensas da plataforma. “Racismo é crime! Estamos em contato para dar todo o apoio psicológico e jurídico ao entregador”, afirmou.
Via Jovem Pan