Brenno Homobono, de 25 anos, técnico em enfermagem que atua diretamente com pacientes com Covid-19 desde o início da pandemia, adaptou um chapéu, montou uma fantasia de jacaré e assim foi imunizado contra a doença em Macapá, na quinta-feira (21).
A atitude foi uma ironia a um comentário do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em dezembro de 2020, em evento na Bahia, sobre a vacina produzida pela farmacêutica americana Pfizer, cujo contrato constaria o aviso de que a fabricante não se responsabiliza por qualquer efeito colateral: “Se você virar um chi… virar um jacaré, é problema de você, pô”, declarou o presidente.
O técnico detalhou que precisava criar algo para marcar o momento, pegou um chapéu e enfeitou. Ele pontuou que, além de incentivar a vacinação, quis afastar o medo das pessoas de ter algum efeito colateral com a imunização.
Há 7 anos na área da saúde, Homobono trabalha em um hospital particular e lida desde março de 2020 com pacientes infectados pelo novo coronavírus. É um trabalho de linha de frente que sabe bem as consequências da Covid-19 e a importância de ser vacinado.
“A gente está vivendo um momento caótico e mesmo assim a gente ainda precisa lidar com a ignorância dos nossos representantes. Minha intenção foi ‘quebrar o gelo’ dessa situação, incentivar as pessoas a terem fé na vacina e perderem o medo quanto aos efeitos colaterais, fantasiosos. O fato de eu estar fantasiado de jacaré, além de cômico, representa a felicidade de eu estar participando de um momento histórico”, comentou.
Mesmo sentindo sintomas em alguns momentos, o técnico nunca testou positivo para o vírus. Ele seguiu as medidas de prevenção e, principalmente devido ao trabalho, precisou evitar encontrar familiares, como o próprio pai.
“Graças a Deus eu não tive perdas familiares, evito ao máximo o contato com meus familiares, principalmente meu pai de é hipertenso, diabético e cardiopata. Já tive sintomas várias vezes, mas meus exames sempre deram negativos. Mas de alguma forma eu acredito que já tive, ainda mais pela exposição constante trabalhando na linha de frente”, disse.