O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) declarou publicamente neste sábado voto no governador de São Paulo e colega de partido, João Doria, para a Presidência da República em 2022. A sinalização ocorreu meses após o almoço de FHC com o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Ele é candidato à Presidência e tem o meu voto”, disse o presidente de honra do PSDB, apontando para Doria, durante evento que fez parte da agenda de comemorações pela reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. O governador riu e aplaudiu, em sinal de agradecimento.
FHC provocou mal-estar no partido em maio após participar de um encontro privado com Lula, que foi divulgado pelo petista em suas redes sociais como uma conversa em que os dois discutiram a democracia brasileira “e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”.
Na época, dirigentes tucanos reagiram mal e criticaram o ex-presidente pelo gesto, que foi considerado negativo para os esforços de construção de uma terceira via para o pleito de 2022. O PSDB terá prévias em novembro, disputadas por Doria, Eduardo Leite, Tasso Jereissati e Arthur Virgílio.
Diante da celeuma, FHC foi às redes sociais na ocasião reafirmar sua posição para, segundo ele, “evitar más interpretações. “PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula”, escreveu.
O ex-presidente tucano também teve uma reunião fechada com Doria dias após a publicação da foto com Lula. Segundo a coluna Painel, do jornal “Folha de S. Paulo”, FHC defendeu na conversa uma candidatura do partido em 2022 e a realização de prévias.
A declaração de voto, neste sábado, foi feita na presença de uma plateia de convidados e de autoridades do Brasil e de outros países de língua portuguesa.
Um dos políticos que estavam ao lado de Doria e Fernando Henrique era o ex-presidente Michel Temer (MDB), também entusiasta de uma alternativa à polarização entre Lula e Jair Bolsonaro prenunciada para as eleições do ano que vem.