Em mais uma conversa telefônica gravada com autorização judicial, o atacante Robinho usa termos depreciativos e ri ao relatar os acontecimentos que o levaram a ser condenado, em segunda instância, por estupro coletivo contra uma mulher de 23 anos em Milão, em 2013.
Ele também diz ter aconselhado o amigo Ricardo Falco, outro condenado, a voltar para o Brasil para evitar uma eventual prisão em solo italiano. “Se os caras mandarem eu ir lá depor vai ser foda, vou falar o que pra minha nega? […] Vou lá depor pra quê? Oito cara rangaram a mina […]. Ó que fase que eu tô”, disse Robinho por telefone a um amigo, em transcrição anexada ao processo em 18 de novembro e obtida pelo UOL.
Mais tarde, ao relatar uma conversa com Ricardo Falco, que estava sendo convocado a depor à polícia, Robinho diz: “Cara, você quer um conselho? Não vai nem lá, volta pro Brasil, pelo menos tu não fica em cana.” (Risos). A pena de nove anos de prisão foi confirmada ontem (10) pelo Tribunal de Apelação de Milão. A defesa do jogador, que se diz inocente, afirmou que vai recorrer à terceira instância.
Tanto Robinho quanto o amigo têm direito de aguardar seus recursos em liberdade. Outros quatro amigos, que teriam participado do crime, não foram processados, porque durante o inquérito já estavam no Brasil, longe da jurisprudência italiana.
A transcrição da conversa de Robinho com um de seus amigos, cerca de um ano depois do crime, consta de um relatório produzido pelo tradutor juramentado Adriano Lellis Gaiotto, que foi anexado ao processo pela defesa do jogador. Não se trata, portanto, da transcrição do áudio feita pela Justiça italiana e sim pelo profissional contratado pelos advogados do brasileiro.
Os advogados do santista alegaram que houve erros de tradução da língua portuguesa para a italiana nas conversas interceptadas e apresentaram o relatório como uma tentativa de reverter a condenação. O documento traz a conversa transcrita em português, junto com sua tradução para o italiano. reportagem ainda não conseguiu checar a pertinência das alegações de erro de tradução.
Mas a Justiça italiana não considerou os argumentos da defesa relevantes o suficiente para reverter a condenação. Robinho jogou no Milan de 2010 a 2015. Em 2013, em uma boate da cidade, ele e um grupo de amigos mantiveram relações sexuais com uma mulher de 23 anos, que mais tarde iria à polícia denunciar que havia sido estuprada pelo grupo.
Cerca de um ano depois, ao tomar conhecimento do avanço das investigações, o jogador telefonou ao amigo no Brasil. O parceiro também tinha participado do ato. O nome dos amigos que não estão sendo processado pela Justiça italiana serão omitidos nesta reportagem.
Via Uol Esportes