Com pouca coisa a se comemorar, Corinthians comemora 114 anos com festa na Neo Química

Torcedores do Corinthians acompanhando partida na Neo Química Arena

Mais do que a necessidade de fugir da zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, uma vitória do Corinthians sobre o Flamengo neste domingo (1º) será um presente de aniversário a quem tem pouco a comemorar, ainda que muito a merecer. DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDOMesmo em uma temporada que beira a catastrófica, com problemas dentro e fora de campo, a torcida corintiana novamente certifica a sua alcunha de Fiel.

Em 23 jogos como mandante nesta temporada, a média de público é superior a 40 mil torcedores por partida (41.576) e com a quantidade total de espectadores próxima a 1 milhão (956.267), segundo levantamento feito pela reportagem da Trivela.

Números que mostram que a nada surpreendente fidelidade dos corintianos é o que resta para o Timão neste período de 2024. Porém, para uma torcida que se vangloria de não viver de títulos, mas do Corinthians, o que resta é, também, o que basta.

Jejum, vexames e luta contra o rebaixamento

Esse tão fiel torcedor corintiano que não comemora a conquista de um campeonato sequer há cinco temporadas, passa o aniversário de 114 anos do clube que torce na agonia do segundo rebaixamento na história.

O Timão chega a esse 1º de setembro na 18ª colocação do Campeonato Brasileiro, com dois pontos a menos que o primeiro time fora da zona de descenso.

Das 23 rodadas da competição até aqui, somente em dez, o Corinthians não esteve entre os quatro últimos e em nenhuma entre os 10 primeiros.

São apenas quatro triunfos no Brasileirão, o último deles há quase um mês e meio, no dia 21 de julho, contra o Bahia, em Salvador. O único fora de casa, inclusive.

Uma campanha péssima que teve o seu presságio no Campeonato Paulista, onde a equipe alvinegra, de forma vexatória, foi eliminada ainda na primeira fase, sem conquistar sequer uma vaga às quartas de final.

São três treinadores (Mano Menezes, António Oliveira e o atual Ramón Díaz) em 2024 e mais de R$ 167 milhões de investimento em 18 contratações. A equipe alvinegra tem a terceira maior folha salarial do país, o que não condiz com a condição que está na tabela do Brasileirão, ainda que, nas copas, o clube vá muito bem, obrigado, mas muito por conta dos trancos e barrancos.

Nas quartas de final da Copa do Brasil e Sul-Americana, o Timão precisou da disputa por pênaltis para avançar nas duas competições. Pela nacional, foram dois empates sem gol com o Grêmio.

Já pela internacional, a equipe fez dois bons primeiros tempos nos jogos de ida e volta contra o Red Bull Bragantino, mas teve queda de rendimento na etapa final em ambos as partidas.

O resultado foi quase perder uma classificação encaminhada, com vantagem de dois gols no placar agregado, em quatro minutos. A classificação também foi definida nas penalidades, onde o Massa Bruta teve dois “match points”, após erros de atletas corintianos, mas avançou graças ao grande feito do goleiro Hugo Souza, que defendeu três cobranças.

Da herança maldita à aventura infortuna

Após 16 anos em que o Corinthians foi administrado pela “Renovação e Transparência”, grupo político liderado por Andrés Sánchez, em 2024, o clube passou a ter o comando da oposição, com Augusto Melo ocupando a presidência.

E a herança recebida por Melo logo no início da sua gestão foi a mais maldita possível: uma dívida na casa dos R$ 2 bilhões.

Além disso, muitos processos internos não estavam claros, além do choque drástico que geralmente é uma mudança de gestão – principalmente quando se trata da transição para um grupo opositor.

Ainda assim, os problemas externos passaram a aumentar ainda mais desde a chegada de Augusto Melo.

O caso principal é referente ao antigo acordo de patrocínio máster do Corinthians com a “Vai de Bet”, empresa de apostas esportivas.

Há uma investigação em curso na Polícia Civil e Ministério Público de São Paulo sobre corrupção no pagamento de comissão na intermediação do contrato, que foi encerrado seis meses após a assinatura, justamente por conta das denúncias.

O vínculo foi rompido unilateralmente pela empresa, acionando uma cláusula anticorrupção. O Timão alega que o movimento foi irregular e cobra um saldo residual de R$ 6,3 milhões que não teria sido pago pela casa de apostas.

Apontado em documento oficial como proprietário da empresa responsável pelo contato entre a “Vai de Bet” e o Corinthians, Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, afirmou em depoimento à polícia no dia 25 de junho, que não foi o responsável pela intermediação entre as partes.

Pessoa próxima a Sergio Moura, superintendente de marketing licenciado, e prestador de serviço de mídias digitais durante a campanha de Augusto Melo à presidência do Timão, Cassundé afirmou que somente buscou por empresas de “bet” através de uma plataforma de inteligência artifical e passou o contato da “Vai de Bet” para membros da diretoria corintiana.

Ainda assim, de acordo com depoimento de Alex, foi ofertado a ele dois depósitos que, somados, contabilizam R$ 1,4 milhão por conta desse “meio-campo”. Cassundé, no entanto, garante que nunca cobrou esse pagamento.

Parte desta quantia, pouco mais de R$ 1 milhão, foi repassada a uma empresa de fachada, cuja proprietária é uma laranja. Edna Oliveira dos Santos, apontada como dona da Neoway Soluções Integradas Ltda, instituição que recebeu o dinheiro repassado pela empresa de Alex Cassundé, vive em condições precárias em Peruíbe, cidade do litoral de São Paulo, contando com ajuda de auxílio sociais e de amigos e parentes.

Processo de impeachment é “cereja do bolo” em ano caótico do Corinthians

Toda essa obscuridade que envolve o “Caso Vai de Bet” fez com que um grupo de 81 conselheiros entrasse com um pedido de impeachment contra o presidente Augusto Melo.

O requerimento foi acatado e o processo já foi aberto, com Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo corintiano, enviando a solicitação à Comissão de Ética e Responsabilidade.

Agora, Augusto terá 10 dias para apresentar defesa até a possibilidade de destituição ser deliberada e votada pelos conselheiros.

Caso passe pelo órgão, será novamente votada, mas dessa vez em assembleia de sócios.

Se a maioria mínima dos dois coletivos optar pelo impeachment, Augusto será desligado do caso, o primeiro vice Osmar Stabile assumirá e terá 30 dias para convocar eleição indireta, somente entre os membros do Conselho Deliberativo.

Fonte: trivela.com.br/

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